sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Vida em Vénus

Este ano, o nosso projecto de encenação é a peça de Luísa Costa Gomes, " A vida em Vénus", escrita para o Festival Panos em 2008.
O texto é uma caricatura da realidade actual em que a comunicação e a vida são absolutamente dominadas pelas tecnologias que cada vez mais afastam as pessoas. As personagens obrigam-nos a olhar para nós próprios e a pensar no quão isolados vivemos uns dos outros.

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A Terra, no futuro não muito distante, é um planeta em que as pessoas vêem televisão e jogam jogos de vídeo o tempo todo. Assim que nascem, é-lhes implantado no cérebro um chip de televisão e um terminal de multibanco. Os programas das escolas são programas de televisão. Os testes avaliam os conhecimentos que os meninos têm dos jogos de vídeo e de computador. As pessoas não têm curiosidade, não pensam, não conversam, não passeiam, não têm amigos. Vêm televisão e fazem compras. MIGUEL, por acaso, encontra num canto do sótão uns “objectos” do passado, que não sabe o que são nem para que servem. Aquele passa a ser o seu “tesouro” e o seu segredo. Os objectos intrigam-no e ele começa a fazer perguntas a si próprio e a procurar as respostas. Entretanto, chega de Vénus o tio Zabulão, que vai ser muito importante para o ajudar a decifrar aquele mistério. Porque a vida em Vénus é bastante diferente da vida aqui na Terra. Bastante diferente, mesmo.

Personagens

MIGUEL
JOAQUIM
ADÃO e EVA, pais de MIGUEL e JOAQUIM
ZABULÃO, irmão de ADÃO
MADALENA, mulher de ZABULÃO
XPTO , um robô
ANTUNES, o robô gerente do Banco (que também é ) SCHLOPF, o “venusiano”
PASSAGEIROS DO AUTOCARRO
CLIENTES DO SUPERMERCADO
CONVIDADOS DA FESTA
VÁRIOS ROBÔS DOMÉSTICOS

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"Eva - Temos de fazer qualquer coisa, tem de
ser uma coisa com pessoas…Todas juntas…
Adão - Como no autocarro? Que boa ideia!
Eva - Tem de se gastar muito dinheiro…
Adão - Claro, milhões.
Eva - Tem de ser com muitas daquelas coisas
que se comem. E muitas daquelas coisas que
se bebem.
Adão- Como no supermercado!
Eva - Tem de haver aquele bch-bch, aquele
bruá-á, aquele pté-pté…
Adão - Pois, aqueles barulhos. Uma coisa
parecida com o programa vermelho e
dourado cintilante da televisão…Com muitas
palmas! Sons gravados!
Eva- O quê?
Adão- Não sei, a ideia foi tua.
Eva - Mas tem de ter um nome, se é uma
coisa!"


A AUTORA

Luísa Costa Gomes nasceu em Lisboa,em 1954. É contista, romancista, dramaturga, cronista. Publicou os romances O Pequeno Mundo, Vida de Ramón, Olhos Verdes, O Defunto Elegante
(com Abel Barros Baptista) e Educação para a Tristeza, os volumes de contos 13 Contos de Sobressalto, O Gémeo Diferente, Contos Outra Vez e Império do Amor, um livro de crónicas (Isto e Mais Isto e Mais Aquilo). Escreveu ainda dois libretos e nove peças de teatro, entre as quais Nunca Nada de Ninguém, Clamor (sobre textos do Padre António Vieira), O Céu de Sacadura, O Último a Rir. As peças foram encenadas no ACARTE (Fundação Gulbenkian), Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional de S. João, Teatro Rivoli, Teatro Camões (ópera Corvo
Branco, EXPO 98), Teatro Villaret, etc. Traduz filmes, teatro e ficção. Dirigea revista Ficções (revista de contos).

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